[Artigo] Inapetência alimentar, o que fazer?

Sucessivamente, deparamo-nos com queixas e relatos sobre a rotina alimentar das crianças. Recusar determinados alimentos é uma atitude comum, durante a infância, e que, geralmente, vem seguida de outros tipos de comportamentos como: levantar da mesa durante as refeições, demorar mais que o habitual para comer, tentar negociação, envolvendo os alimentos de suas preferências, fazer birras, são alguns exemplos.
Durante a infância, ocorre, com certa frequência, um processo denominado seletividade alimentar (SA), em que é possível observar características como a rejeição, o desinteresse pelo alimento, a diminuição do apetite, a resistência em experimentar novos alimentos, deixando o consumo alimentar um tanto quanto limitado. A literatura que explora a nutrição na infância aponta algumas evidências no sentido de que o comportamento alimentar do pré-escolar pode sofrer grande influência não só da família, mas também de outras interações psicossociais e culturais.
Em uma pesquisa realizada por Maier e colaboradores, foram oferecidos alimentos considerados de difícil aceitação, porém sob a forma de preparações criativas, adaptadas com variações em formas, texturas. Foi constatado que a maior frequência em que as crianças são expostas a novos alimentos, tende a gerar um maior índice no aspecto de aceitação. Além disso, a maneira de oferecer os alimentos como: dar autonomia para a criança se servir; alternar o ambiente tradicional de onde as refeições são realizadas eventualmente, inovar com talheres e pratos, podem ser estímulos interessantes propostos para melhorar o consumo de alimentos, que sofrem rejeição pelas crianças.
Mas o que fazer?
A educação nutricional é a conduta preventiva de maior unanimidade entre os autores que exploram a seletividade alimentar; e tem como finalidade trabalhar o desenvolvimento de aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais.
Entre as diversas ferramentas utilizadas pelo profissional nutricionista, os inquéritos dietéticos realizados em ambiente escolar, a partir do cardápio, oferecido no local de alimentação, permitem avaliar as características qualitativas e quantitativas, traçando o perfil alimentar da criança. A fim de minimizar possíveis consequências relacionadas a má alimentação é de fundamental importância que haja uma participação conjunta entre a família e os cuidadores, escola e profissionais de saúde, visando identificar possíveis sinais e sintomas e, assim, intervir de maneira efetiva para assegurar o desenvolvimento adequado. Contamos com você nesta preciosa missão.
Referências:
- Bissoli MC, Lanzillotti HS. Educação nutricional como forma de intervenção: avaliação de uma proposta para pré-escolares. Rev de Nutrição PUCCAMP 1997;10:107-13.
- Abreu CLM, Fisberg M. A inapetência na infância. Recusa alimentar: o que fazer com a criança que não come? Alimentação na Infância 2003;2:1-8.
- Fisberg M, Palma D, Azevedo TCG, Martins LA. Distúrbios do apetite na infância. In: Nobrega F. Distúrbios da nutrição. Rio de Janeiro: Revinter; 1998.