[Artigo] Dietas da moda são indicadas para crianças?
Uma alimentação adequada em quantidade e qualidade é um fator relevante na vida do ser humano, desde a concepção até a morte (1). Tendo um destaque para os primeiros anos de vida da criança, fase onde apresenta-se maior vulnerabilidade nutricional quanto ao risco de desnutrição (2).
Estudos mostram que a ocorrência da desnutrição em etapas precoces da vida pode acarretar problemas de aprendizagem, além de gerar atrasos no desenvolvimento psicomotor e intelectual. Crianças com baixo índice de nutrição também apresentam associações com a Síndrome de Hiperatividade e Déficit de Atenção (1).
Nos últimos anos, ocorreu uma transição nutricional em que se observa menor prevalência de desnutrição e aumento da obesidade no Brasil. O excesso de peso na infância predispõe à várias complicações de saúde, como: problemas respiratórios, diabetes mellito, hipertensão arterial, dislipidemias além de elevar o risco de mortalidade na vida adulta (3).
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS, o número de crianças e adolescentes (de 5 a 19 anos) obesos em todo o mundo aumentou dez vezes nas últimas quatro décadas.
Diante desse cenário, é comum os pais apresenta grande preocupação, o que resulta na procura por dietas da moda, na maioria das vezes restritivas, para trabalhar a rápida perda de peso dos seus filhos. No entanto, estudos evidenciam que dietas restritivas podem acarretar transtornos alimentares, como anorexia, bulimia nervosa ou compulsão alimentar (4).
Dietas restritivas também podem impactar negativamente, a carência de macro e micronutrientes essenciais para o desenvolvimento e crescimento da criança. Várias pesquisas têm evidenciado que a deficiência de vitaminas (principalmente A, D e complexo B) e de minerais (como ferro e zinco) podem resultar no aumento de episódios de infecções intestinais e respiratórias, lesões de pele, anemias ferropriva e megaloblástica (5).
Outro fator a ser considerado é as crianças/adolescentes passarem por uma fase de estirão (10 a 19 anos), processo de mudança da ser criança para ser adulto. Nessa fase, as necessidades de energia e de nutrientes aumenta, porém há uma grande preocupação com a estética, geralmente por influência da mídia e da sociedade, pela busca do corpo “perfeito”. Isso faz com que esses adolescentes também busquem por dietas populares (6).
Não é aconselhável fazer restrições severas da alimentação, tampouco aplicação de dietas. É indicado é trabalhar uma educação nutricional, priorizando de forma moderada e equilibrada os alimentos in natura e com alto valor nutricional, como frutas, hortaliças, grãos, ovos, peixes, aves e carnes, bem como evitando alimentos industrializados, hipercalóricos e de baixo valor nutricional, como: refrigerantes, frituras, fast foods e doces.
Vale ressaltar também que a prática de atividade física é de suma importância para manutenção da saúde e gasto calórico na fase infanto juvenil.
REFERÊNCIAS
- Guardiola A, Egewarth C, Rotta NT. Avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor em escolares de primeira série e sua relação com o estado nutricional. J Pediatr (Rio J). 2008;77(3):189–96.
- Cristina M.G. Monte. Desnutrição: um desafio secular à nutrição infantil. J Pediatr S285 J pediatr (Rio J) [Internet]. 2000;76(76):285–97. Available from: http://www.orlandopereira.com.br/clipping/Desnutrição um desafio secular à nutrição infantil.pdf
- Reis CEG, Vasconcelos IAL, de Barros JF. Policies on nutrition for controlling childhood obesity\nPoliticas puoblicas de nutricao para o controle da obesidade infantil. Rev Paul Pediatr [Internet]. 2011;29(4):625–33. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rpp/v29n4/24.pdf%5Cnhttp://ovidsp.ovid.com/ovidweb.cgi?T=JS&CSC=Y&NEWS=N&PAGE=fulltext&D=emed10&AN=2012075187
- Moreira EAM, D EBS de MT, Fiates GMR, Gonçalves. J de A. Transtornos alimentares na infância e na adolescência. Rev Paul Pediatr. 2013;31(1):96–103.
- Weffort VRS. Alimentação na infância: carências e excessos. 2016;(7):1–11.
- Edmundo S, Jardim C, Bôto JM, Braz N. Alimentação saudável. 2018;19. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_saudavel.pdf