Exposição sobre Arte Moderna e releitura de Abaporu
As turmas do Fundamental realizaram uma atividade de aprendizados sobre a cultura brasileira. A ideia era fazer uma exposição que trouxesse um recorte da arte moderna, tema estudado pelas crianças e adolescentes no primeiro trimestre de 2023. Como a arte moderna é muito vasta, em termos de tempo e localização, foi decidido focar no Brasil e em um período de muitas mudanças e conquistas para o país. A Semana de Arte Moderna de 1922 foi, então, a grande inspiração para a exposição e para a releitura feita pelas crianças da obra Abaporu, de Tarsila do Amaral, que sintetiza o espírito desse movimento artístico tão inovador para a época.
Antes de tudo, as turmas estudaram a diferença entre cópia, plágio e releitura na arte. A cópia, necessária para o aprendizado de técnicas, não pode ser entendida como obra original, nem ter a sua autoria omitida, caso contrário, torna-se plágio e até crime. Já a releitura é uma prática muito comum na arte. Não trata-se nem de cópia nem de plágio, pois a obra servirá apenas como inspiração. Na releitura, a obra original aparece como uma referência óbvia e proposital.
Dito isso, o que mais a obra Abaporu poderia inspirar nas crianças? Analisando o tempo em que ela foi realizada, apenas 34 anos após a abolição da escravidão no Brasil, os alunos perceberam o espírito crítico dos artistas da época, que aproveitavam o marco histórico para falar sobre diversidade e identidade. Antes disso, a arte era feita apenas por e para os descendentes de europeus, mas agora, a ideia era olhar diretamente para o Brasil, com suas diferentes formas e cores, com toda sua riqueza cultural. Os temas nacionalistas da Semana de Arte Moderna de 1922 puderam ser percebidos nas obras: “Os carnavais” (Di Cavalcante), “O Homem amarelo” (Anita Malfatti), “O artesão” (Vicente do Rego Monteiro) e “Operários” (Tarsila do Amaral), entre outros.
Dito isso, as crianças também tiveram em mente soluções atualizadas para um Brasil mais justo, mais igualitário e que respeite nossa própria cultura. Foi exatamente isso que pôde ser apreciado nas obras produzidas. Alguns “Abaporus” apareceram acorrentados, para falar de eventos recém descobertos sobre pessoas encontradas em situação análoga à escravidão, como no caso da fazenda de uvas no sul do país. Alguns até fizeram um cacho de uvas, ou uma garrafa de suco em alusão à triste notícia. Outros, fizeram a figura central da obra em várias cores, ou na cor preta, ou até mesmo vestida de terno e gravata com uma mala cheia de dinheiro, com o objetivo de falar da diversidade racial e de criticar a ganância de grandes empresários.
É com muita satisfação que a exposição foi um sucesso! A Pedagogia Logosófica, além de ajudar a formar seres humanos mais conscientes de seu mundo interno, também os estimula a buscar os conhecimentos externos, alinhando-os às suas próprias ideias. Nessa aventura artística as crianças perceberam que: “Com alegria, entusiasmo e boa vontade, podemos mudar o mundo”!